segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Esse estranho sexo feminino

Quando a gente é criança nota como as meninas são estranhas: usam saias, prendem coisas no cabelo, vivem agarradas a uma boneca e fazem xixi sentadas. Aí vem a adolescência e a gente percebe que além disso elas podem ser chatas, manipuladoras, intrometidas, e descobrimos também que não conseguimos viver sem elas. Charlie Brown sonhava com sua garotinha ruiva, o vagabundo conquistou o coração da dama, Romeu tirou a própria vida por amor a Julieta... Enfim, nós homens somos o que as mulheres fazem de nós.



Como não quero sofrer algum processo futuramente vou omitir o nome dessas criaturas que me mostraram o céu e o inferno com a mesma rapidez com que se fala "eu te amo" ou "eu te odeio".
Para começo de conversa vou lhes apresentar as garotas: logo na esquina morava a B. Ela era o que se chamaria hoje de patricinha: bonita, alta, magra, cheirosa e de gênio forte. Ela tinha um jeito todo especial de me tratar, fazia questão de contar pra todo mundo que nunca iria namorar comigo porque eu era um cara sem graça, tapado e sem QI*. O que me chamava a atenção é que nunca, sequer, jamais dei a entender que queria algo com ela, e nunca quis na verdade, mas mesmo assim ela saia a espalhar aos quatro ventos que nunca me namoraria.
Pulando algumas casas, quase em frente à minha morava a A. Ela não era tão bonita quanto B mas tinha algo que mexia comigo e com meus colegas. O jeito dela caminhar e os shorts apertados ressaltavam o belo corpo que ela tinha. Não importa o que estivéssemos fazendo, nós tínhamos que parar para acompanhar seu rebolado subindo ou descendo a rua, para a ira do seu irmão mais velho.
Ao lado da casa dela, tinha a Y. Por ela sim eu me interessei mas só de ficar ao lado dela eu tremia, suava e não conseguia dizer palavra.
Após a casa vizinha à minha, morava a V. Ah... essa vai merecer um post à parte num futuro qualquer, vamos dizer assim: ela me ensinou um bocado de coisas.
E ainda havia as meninas da igreja que frequentava, mas como esse é um universo bem grande vamos direto àquela que interessa: P. Minha primeira namorada. Se é que podia se chamar de namoro nossa relação.
Éramos bastante jovens, eu nem sei como juntei coragem para pedir a mão dela em namoro (ah sim, aqueles tempos eram outros, criançada!), mas era um namoro mais de troca de cartinhas do que qualquer outra coisa. Todo domingo a gente tinha preparada uma cartinha toda perfumada pra trocar, sentávamos juntos, vez ou outra trocávamos olhares, toques de mão mas beijar que é bom, nada. Algumas vezes nos encontrávamos sozinhos em alguma dependência da igreja, após o culto, e eu me prometia "agora vai!". Pegava a mão dela, olhava em seus olhos e, e... as mãos começavam a suar, as pernas tremiam e eu torcia que alguém aparecesse para me tirar daquela situação. Acho que deus ouvia minhas preces porque sempre aparecia alguém.
Neste tempo, A decidiu que frequentaria a igreja conosco. Como a igreja ficava a algumas ruas de casa, mesmo quem não era de frequentar uma vez ou outra ia com a gente.
Ela mal chegou na igreja e já fez amizade com vários dos meus colegas e com minha namorada. E não sei porque cargas d'água ela decidiu que acabaria com isso. Num belo dia, após o culto dominical A vem me trazer um recado: P quer falar comigo, sozinho. Opa! Imaginei que naquele dia seria, finalmente, o do meu primeiro beijo. Qual nada. P me tratou rispidamente, disse que estava tudo acabado entre nós e que eu deixasse de pegar no seu pé. Fiquei sem entender nada. "Sabe, eu nunca sei o que está acontecendo", parafraseei Charlie Brown em minha mente.
Algum tempo depois estava a me lamentar em frente da casa de A. Falei que o que me matava era não saber o que eu havia (ou não) feito para P terminar o namoro comigo, onde eu tinha errado e porque ela estava com raiva de mim. A baixou a cabeça e me disse olhando para o chão: "Eu tenho que te confessar uma coisa, fui eu quem fez a P terminar com você"**. "Ué, mas porquê?", perguntei meio confuso. A se levantou, olhou pra mim e confessou: "Porque eu estava com inveja de vocês dois!", e saiu correndo para dentro de casa, fechando o portão na minha cara para evitar que eu fizesse qualquer pergunta. Fiquei ali parado, pensei e deveria ficar furioso com ela mas o otário aqui ficou, de certa forma, contente. O sonho de consumo dos meninos estava com inveja do meu namoro! Que sorte!
E é aí que entra a coisa estranha. A passou a me evitar, mal falava comigo e deixou de ir pra igreja. Custou muito para que nos falássemos direito, mas antes não tivesse. Ela confessou que não pensou no que estava fazendo, que não gostava de mim tanto assim e que estava apaixonada por outro. Beleza! Então era só ela confessar seus pecados para a P me perdoar, certo? Errado! Porque enquanto ela esperava que sua consciência a deixasse em paz, A arrumou um outro namorado. Que puxa!
E essa é só uma parte das minhas desventuras com esse estranho ser chamado mulher, mas por enquanto é p-p-pessoal!!! Em breve tem mais veneno.

* eu só fui descobrir o que é QI anos mais tarde
** nunca descobri o que A falou para P ficasse com raiva de mim.

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